Em reportagem publicada neste domingo, o jornal Extra,do Rio deJaneiro, trouxe duas reportagens mostrando como está o dia a dia dos jogadores de futebol Valdiram (ex-Vasco e atualmente no Duque de Caxias) e Romarinho.
Hoje os dois estão no Instituto Vida Renovada, ligado a Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias, cujo líder é o pastor Marcos Pereira da Silva . A rotina no local é tranquila. As orações e refeições têm horários fixos e são respeitados à risca por Valdiram e seus novos companheiros: os da igreja e os jogadores do Duque de Caxias, clube que o contratou em junho deste ano. Sem casa própria e para manter o tratamento de reabilitação, o jogador divide espaço com traficantes, estupradores e assaltantes. Pessoas de alta periculosidade que tiveram progressão da pena e tentam recomeçar a vida, assim como ele.
— Senti medo. Não conseguia dormir e ficava sempre reto na cama, com medo de algum deles me fazer algo. Foi difícil. Mas superei e percebi que eles buscavam o mesmo tratamento que eu: a salvação — conta.
Se antes dividia um quarto com 60 homens, hoje o pernambucano tem o privilégio de viver em uma suíte com banheiro próprio e até frigobar. Seguindo os preceitos da religião, alguns alimentos não são permitidos. Assim como as roupas. Se antes desembolsava muitos reais para comprar blusas, tênis, usar brincos e relógios caros, hoje, só pode usar calça social e camisa de manga longa.
— Até para dormir uso a roupa. Quando dou meu testemunho em comunidades e igrejas, coloco terno e gravata. Vou assim para os treinos também. Eles estranharam no Duque, mas agora sou um homem de Deus.
Sem concentração
Diariamente, o atacante se divide entre as tarefas e as orações — três vezes por dia, no Instituto Vida Renovada — com os treinos em Xerém. Com um bom carro no estacionamento da igreja, não precisa pegar um trem para ir ao clube e, por isso, chega sempre no horário marcado, o que antes não acontecia. Só uma coisa ele ganhou de privilégio: foi liberado da concentração.
— Um dos acordos é que eu não preciso pernoitar com o grupo. Chego no horário do almoço e vou para o jogo. Depois, retorno para casa. Algo improvável se eu não fosse convertido e uma confiança de que não farei nada errado novamente.
O voto de confiança é para poucos atletas. Os gols são para a alegria de todos e o sucesso do time.
Valdiram revela ainda que graças ao pastor Marcos, líder da igreja, sua vida deu uma guinada e mudou para melhor. Ele que estava afastado das filhas pode reencontra-las e pretende, quando deixar o futebol, estudar e se tornar pastor, assim como aconteceu com o cantor Waguinho.
“Deus me salvou e eu sempre lhe serei grato”, afirmou o jogador.
Outro exemplo
Outro exemplo de conversão é o do jogador Romarinho (que não tem relação nenhuma com o hoje deputado federal Romário). Iludido por vários sonhos, entre eles o de jogar na Europa, o então jovem pernambucano, nascido em Olinda, se deparou com um universo que nunca poderia ter acesso se não fosse pelo futebol. Mulheres, dinheiro e muito mais foram oferecidos de forma fácil a este profissional que começava a se tornar uma expressão do esporte. Porém, sem estrutura psicológica e familiar, promessas se perdem na noite e entram de cabeça nas drogas. Romário Santos da Silva, o Romarinho, foi um deles. Há quase um mês foi resgatado da desgraça e recebeu mais uma chance. Morando no alojamento da igreja, assim como Valdiram, ele quer reconquistar o espaço perdido no esporte, terminar os estudos e voltar a ajudar a família. Chamado de “fenômeno do futebol às avessas”, agora projeta um futuro:
— Mesmo esbanjando com mulher e drogas, consegui dar uma casa para o meu pai e minhas irmãs. Mas quero recuperar o tempo perdido e contribuir mais. Minha alegria é ver minhas irmãs e meu pai orgulhosos.
Aos 16 anos, o jovem de Olinda, em Pernambuco, recebeu a oportunidade de jogar no Porto, de Portugal. Sozinho e sem amigos, começou a beber diariamente e a fumar maconha. Se antes a diversão era fazer gols e vencer jogos, com o tempo virou rotina ficar no pagode até amanhecer, e faltar a treinos e partidas.
— Era inconsequente. Mentia, não aparecia nos treinos, sumia por dias. Eles não aceitaram e me mandaram de volta — diz, lembrando que o mesmo aconteceu por outros times que passou: — Foi assim no Boavista, no Botafogo, no Internacional, no Sporting. Ninguém mais acreditava em mim. Largava tudo e não estava nem aí. Fugi durante uma semana do Botafogo e fui para a Bahia.
Romarinho não seguiu o exemplo do ídolo de quem leva o nome, Romário. Nem dos ex-companheiros Caio, Lucas Zen e Cidinho, do Botafogo, e Leandro Damião, do Inter-RS. Até que o presidente do Boavista, preocupado, deu-lhe a última chance, no clube de Saquarema.
— Ele me procurou e disse que seria a última vez. No início, eu menti e continuei aprontando. Mas lá no clube me contaram do Valdiram, e procurei ele. Com a graça de Deus, encontrei meu caminho.
Fonte: Jornal Extra com adaptações da redação MG
Hoje os dois estão no Instituto Vida Renovada, ligado a Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias, cujo líder é o pastor Marcos Pereira da Silva . A rotina no local é tranquila. As orações e refeições têm horários fixos e são respeitados à risca por Valdiram e seus novos companheiros: os da igreja e os jogadores do Duque de Caxias, clube que o contratou em junho deste ano. Sem casa própria e para manter o tratamento de reabilitação, o jogador divide espaço com traficantes, estupradores e assaltantes. Pessoas de alta periculosidade que tiveram progressão da pena e tentam recomeçar a vida, assim como ele.
— Senti medo. Não conseguia dormir e ficava sempre reto na cama, com medo de algum deles me fazer algo. Foi difícil. Mas superei e percebi que eles buscavam o mesmo tratamento que eu: a salvação — conta.
Se antes dividia um quarto com 60 homens, hoje o pernambucano tem o privilégio de viver em uma suíte com banheiro próprio e até frigobar. Seguindo os preceitos da religião, alguns alimentos não são permitidos. Assim como as roupas. Se antes desembolsava muitos reais para comprar blusas, tênis, usar brincos e relógios caros, hoje, só pode usar calça social e camisa de manga longa.
— Até para dormir uso a roupa. Quando dou meu testemunho em comunidades e igrejas, coloco terno e gravata. Vou assim para os treinos também. Eles estranharam no Duque, mas agora sou um homem de Deus.
Sem concentração
Diariamente, o atacante se divide entre as tarefas e as orações — três vezes por dia, no Instituto Vida Renovada — com os treinos em Xerém. Com um bom carro no estacionamento da igreja, não precisa pegar um trem para ir ao clube e, por isso, chega sempre no horário marcado, o que antes não acontecia. Só uma coisa ele ganhou de privilégio: foi liberado da concentração.
— Um dos acordos é que eu não preciso pernoitar com o grupo. Chego no horário do almoço e vou para o jogo. Depois, retorno para casa. Algo improvável se eu não fosse convertido e uma confiança de que não farei nada errado novamente.
O voto de confiança é para poucos atletas. Os gols são para a alegria de todos e o sucesso do time.
Valdiram revela ainda que graças ao pastor Marcos, líder da igreja, sua vida deu uma guinada e mudou para melhor. Ele que estava afastado das filhas pode reencontra-las e pretende, quando deixar o futebol, estudar e se tornar pastor, assim como aconteceu com o cantor Waguinho.
“Deus me salvou e eu sempre lhe serei grato”, afirmou o jogador.
Outro exemplo
Outro exemplo de conversão é o do jogador Romarinho (que não tem relação nenhuma com o hoje deputado federal Romário). Iludido por vários sonhos, entre eles o de jogar na Europa, o então jovem pernambucano, nascido em Olinda, se deparou com um universo que nunca poderia ter acesso se não fosse pelo futebol. Mulheres, dinheiro e muito mais foram oferecidos de forma fácil a este profissional que começava a se tornar uma expressão do esporte. Porém, sem estrutura psicológica e familiar, promessas se perdem na noite e entram de cabeça nas drogas. Romário Santos da Silva, o Romarinho, foi um deles. Há quase um mês foi resgatado da desgraça e recebeu mais uma chance. Morando no alojamento da igreja, assim como Valdiram, ele quer reconquistar o espaço perdido no esporte, terminar os estudos e voltar a ajudar a família. Chamado de “fenômeno do futebol às avessas”, agora projeta um futuro:
— Mesmo esbanjando com mulher e drogas, consegui dar uma casa para o meu pai e minhas irmãs. Mas quero recuperar o tempo perdido e contribuir mais. Minha alegria é ver minhas irmãs e meu pai orgulhosos.
Aos 16 anos, o jovem de Olinda, em Pernambuco, recebeu a oportunidade de jogar no Porto, de Portugal. Sozinho e sem amigos, começou a beber diariamente e a fumar maconha. Se antes a diversão era fazer gols e vencer jogos, com o tempo virou rotina ficar no pagode até amanhecer, e faltar a treinos e partidas.
— Era inconsequente. Mentia, não aparecia nos treinos, sumia por dias. Eles não aceitaram e me mandaram de volta — diz, lembrando que o mesmo aconteceu por outros times que passou: — Foi assim no Boavista, no Botafogo, no Internacional, no Sporting. Ninguém mais acreditava em mim. Largava tudo e não estava nem aí. Fugi durante uma semana do Botafogo e fui para a Bahia.
Romarinho não seguiu o exemplo do ídolo de quem leva o nome, Romário. Nem dos ex-companheiros Caio, Lucas Zen e Cidinho, do Botafogo, e Leandro Damião, do Inter-RS. Até que o presidente do Boavista, preocupado, deu-lhe a última chance, no clube de Saquarema.
— Ele me procurou e disse que seria a última vez. No início, eu menti e continuei aprontando. Mas lá no clube me contaram do Valdiram, e procurei ele. Com a graça de Deus, encontrei meu caminho.
Fonte: Jornal Extra com adaptações da redação MG
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