sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Cristão e a Tentação ( The Christian and Temptation )

   Tiago 1.12-18





Introdução

Tentação na Bíblia tem o sentido de colocar uma pessoa em prova, de submete-la a um teste árduo e espinho com o objetivo de mostrar a sua fraqueza, induzindo-a a um procedimento negativo.

A Bíblia apresenta satanás como o tentador, ou seja, como aquele que sabe usar como ninguém mais as circunstâncias existenciais para induzir a pessoa na concretização de objetivos maléficos.

A maior intenção do diabo não é, na verdade, nos fazer pecar, mas sim a de criar em nós uma sensação de ausência, de distanciamento, de Deus. Ao nos fazer sentir uma espécie de alienação espiritual em relação a Deus o diabo nos escraviza no pecado, Marcos 1.13, 1 Coríntios 2.5, Apocalipse 2.10, João 8.34 e Romanos 6.17-23 e 7.17.

Em Mateus 6.13 o termo tentação tem o sentido de ação satânica para nos fazer pecar. Este termo aparece 21 vezes no N.T. e sempre tem o sentido de comprovar a qualidade, submeter à prova ou teste, com a intenção de induzir ao pecado.



Creio ser importante ressaltar sobre a tentação o seguinte.



A tentação surge da nossa presunção de força:

A tentação se torna mais eficaz quando presumimos ter forças suficientes para não cairmos em pecado, ou para vence-la quando assim bem entendermos.

A autoconfiança é um atalho para a derrota. Precisamos aprender a nos afastarmos da aparência do mal, bem como do próprio mal.

O autoconhecimento e de nossas limitações, associado ao conhecimento de Deus e de sua Palavra nos ajuda para evitarmos a presunção de força em relação a tentação. Além disso, 1 Coríntios 10.12 nos alerta e nos ajuda para evitarmos a presunção de força que nos deixa vulneráveis à tentação.





A tentação nos cega:

Quando somos tentados fazemos coisas que em circunstâncias normais jamais faríamos. A tentação obscurece a nossa visão e a nossa mente, nos fazendo enxergar as coisas sob um único prisma, o da satisfação pessoal e do prazer.

Vemos no Salmo 73.1-3 que enquanto a visão do salmista estava presa na prosperidade dos ímpios ele se consumia de inveja.

Em 2 Samuel vemos que enquanto a visão de Davi estava fixada na beleza física de Bate-Seba e no prazer sexual, ele não enxergou a maldição que cometera contra Deus, 2 Samuel 11.27. Somente depois de exortado espiritualmente pela Palavra de Deus, através do profeta Natã, foi que as vendas caíram de seus olhos e, arrependido, Davi confessou o seu pecado, 2 Samuel 12.13.

Somente a Palavra de Deus nos faz recuperar a visão espiritual e nos auxilia a identificarmos a tentação e suas conseqüências em nossas vidas. Vale a pena ler os Salmos 32, 38 e 51, que Davi escreveu no momento de seu arrependimento, após ter recobrado a visão e consciência espiritual.





A tentação visa destruir a Palavra de Deus em nós:

Não seria diferente. Se é a Palavra que nos esclarece, a tentação, que obscurece, atua contra ela. Na parábola do semeador fica evidente este aspecto da tenção, Lucas 8.6-13, pois o texto mostra claramente que na hora da tentação as pessoas que não estão enraizadas na Palavra se desviam.

Quando a Palavra de Deus não esta enraizadas em nossos corações, e nós nela, temos as nossas próprias soluções para os problemas e os nossos próprios projetos para a vida. Nos consideramos senhores do nosso destino e acreditamos que os nossos métodos são melhores do que os de Deus.

A tentação nos ataca fazendo com que a Palavra de Deus deixe de ser o manual de compreensão da realidade e do direcionamento para a nossa vida. Neste caso, a Palavra de Deus perde a relevância existencial e vivencial para nós e, por isso, cedemos às tentações.





A tentação visa a enfraquecer a nossa fé:

Este aspecto é uma decorrência do anterior, pois quando a Palavra de Deus perde o significado para nós perdemos a fé, visto que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, Romanos 10.17 e Efésios 2.8.

Essa questão se confirma na expressão de Davi, no Salmo 13.1, quando ele se lamenta do sentimento de ausência de Deus. Qual o Cristão sincero que, passando por um longo período de crise, não sentiu esse “abandono” de Deus? O segredo para não sucumbirmos é não perder a fé. O clamor angustiado de Davi revela a sua fé de forma vivida. Ele se dirige a Deus em seu lamento. Davi não busca auxilio humano. Apesar das perdas humanas ele permanece na fé.

Satanás utiliza-se de todos os recursos para abater a nossa fé e para nos enfraquecer espiritualmente, induzindo-nos para direções erradas e nos desviando de Jesus, o autor e consumidor da fé, Hebreus 12.2.

Com relação a este tópico, recomendo a leitura do livro do profeta Habacuque e de Hebreus 10.19 a 11.40.





A tentação nos entristece:

A tentação dói, gera tensão violenta e toca em questões vitais da nossa existência. O processo tentatório e a luta interior para não cedermos a tentação nos faz chorar lágrimas amargas, o mesmo ocorrendo quando caímos e chegamos a consciência de que não resistimos. Porém, a tristeza produzida pela tentação e temporária, embora amargurante e cruel, Gênesis 3.4-6, Salmo 32.3, Salmo 51.1, 8 e 12, Mateus 27.1-5 (remorso).

A tristeza promovida pela tentação e tão intensa que pode desembocar numa depressão profunda, como no caso de Judas Iscariotes, que cometeu suicídio, mas, em contra partida, essa tristeza não pode ser comparada a alegria e a exultação espiritual que nos advém quando resistirmos a tentação, Tiago 1.2-3, 1 Pedro 1.6-7, 1 Pedro 4.12-13 e Tiago 1.12.

Podemos usar a tristeza provocada pela tentação de maneira positiva, glorificando e louvando a Deus por participarmos dos sofrimentos de Cristo.





Conclusão:

Para encerrar, ao invés de recapitular tudo, apenas desejo fazer algumas considerações que creio relevantes sobre este tema. São elas:



A tentação é universal e inevitável. Todos, sem exceção, em todo o lugar, passam pelo crivo da tentação, João 17.15.

Apesar de Satanás nos tentar com a intenção de nos fazer sucumbir, devemos crer que os propósitos de Deus podem reverter a situação, Gênesis 50.20.

A tentação é sempre uma prova, um teste muito difícil, que testa a nossa resistência, a nossa fé, a nossa firmeza na Palavra de Deus, bem como a nossa própria concupiscência, Tiago 1.14-15.

Devemos orar como Jesus nos ensinou em Mateus 6.13 diuturnamente, ou seja, 1440 minutos por dia, se desejamos resistir e vencer a tentação.

Dentro do processo tentatório não existe o “não posso” ou o “eu resisto”, ou ainda o “eu venço essa”. Não podemos nada contra a tentação. É Deus quem nos capacita e não permite que o diabo nos destrua, 1 Coríntios 1.13.

Devemos parar com a atitude de fixarmos os olhos nas crises e na tentação, passando a fixar os nossos olhos em Deus e em Jesus Cristo, Salmo 3 e Hebreus 12.2.

Não temos como evitar a tentação, porém, podemos resisti-la e vence-la, em nome de Jesus, Tiago 4.7-10.



Que Deus nos ajude nesta renhida batalha contra a tentação e o nosso próprio desejo de ceder a ela.

Amém.





Autor: Pr Fernando Fernandes

Pastor da 1ª Igreja Batista em Penápolis/ SP e Prof. no Seminário Teológico Batista de São Paulo.



Tradução para o Ingles :
 
The Christian and Temptation




James 1.12-18





Introduction

Temptation in the Bible has the sense to put a person on proof of submitting it to a hard test and thorn in order to show their weakness, thus inducing a negative procedure.

The Bible describes Satan as the tempter, that is, as one who knows how to use no more the existential circumstances to induce the person in achieving malicious purposes.

Its main purpose is not the devil, in fact, we do sin, but to create in us a feeling of lack of separation from God. As we do feel a kind of spiritual alienation in relation to God the devil enslaves us to sin, Mark 1:13, 1 Corinthians 2.5, Revelation 2:10, John 8:34 and Romans 6.17-23 and 7.17.

In Matthew 6:13 the word temptation has satanic sense of action to make us sinning. This term appears 21 times in the NT and always has the sense of demonstrating the quality, subject to the test or test, with the intention of inducing to sin.



I think it is important to note the following about temptation.



The temptation arises from our assumption of power:

The temptation becomes more effective when presumed to have sufficient strength not to fall into sin, or to win it when we understand so well.

Self-confidence is a shortcut to the defeat. We must learn to walk away from the appearance of evil and the evil itself.

Self-knowledge and our limitations, associated with the knowledge of God and His Word helps us to avoid the presumption of strength against temptation. Also, 1 Corinthians 10:12 reminds us and helps us to avoid the presumption of force that leaves us vulnerable to temptation.





The temptation in the blind:

When we are tempted to do things we would never do under normal circumstances. The temptation obscures our vision and our minds, making us see things from a unique perspective, the personal satisfaction and pleasure.

We see in Psalm 73.1-3 that while the vision of the Psalmist was arrested in the prosperity of the wicked he was consumed with envy.

In 2 Samuel we see that while the vision of David was established in the physical beauty of Bathsheba and sexual pleasure, he did not see the curse that he had committed against God, 2 Samuel 11:27. Only after urging spiritually by the Word of God through the prophet Nathan, was that sales fell from his eyes and, sorry, David confessed his sin, 2 Samuel 12:13.

Only the Word of God makes us to recover the spiritual vision and helps us identify the temptation and its consequences in our lives. Worth reading the Psalms 32, 38 and 51, that David wrote at the time of his repentance, having recovered the vision and spiritual awareness.





The temptation is intended to destroy the Word of God in us:

It would be different. If it is the Word that enlightens us, the temptation, which obscures acts against it. In the parable of the sower is evident this aspect of maintenance, Luke 8.6-13, as the text clearly shows that in the hour of temptation, people who are not rooted in the Word depart.

When the Word of God is not rooted in our hearts, and we have it, we have our own solutions to problems and our own designs to life. We consider ourselves masters of our destiny and we believe that our methods are better than those of God.

The temptation in the attacks so that the Word of God is no longer the manual to understand the reality and direction for our lives. In this case, the Word of God loses experiential and existential importance to us and therefore we give in to temptation.





The temptation is intended to weaken our faith:

This is a result of the above, because when the Word of God loses its meaning for us lost faith, since faith comes by hearing the Word of God, Romans 10:17 and Ephesians 2:8.

This issue is confirmed in the words of David in Psalm 13:1, when he complains of feeling God's absence. What sincere Christian who, through a long period of crisis, not felt this "abandonment" of God? The secret is not to succumb not to lose faith. The cry of distress of David reveals his faith in a living. He addresses God in his lament. David does not seek human help. Despite the loss of life he remains in faith.

Satan makes use of all resources to bring down our faith and to weaken us spiritually, leading us to the wrong direction and away from Jesus, the author and consumer of faith, Hebrews 12:2.

Regarding this topic, I recommend reading the book of Habakkuk and Hebrews 10:19 to 11:40.





Temptation makes us sad:

The temptation hurts, creates tension and violent touches on vital issues of our existence. The process tentatório and inner struggle not to yield to temptation makes us weep bitter tears, the same happens when we fall and we came to realize that not resist. But the sadness produced by temptation and temporary, although amargurante and cruel, Genesis 3.4-6 Psalm 32.3, Psalm 51.1, 8 and 12, Matthew 27.1-5 (remorse).

Sadness promoted by temptation and so intense which can result in depression, as in the case of Judas Iscariot, who committed suicide, but starting from this sorrow can not be compared to spiritual joy and elation comes when we resist the temptation James 1.2-3, 1 Peter 1:6-7, 1 Peter 4:12-13 and James 1:12.

We can use the sadness caused by temptation in a positive way, glorifying and praising God for partaking of Christ's sufferings.





Conclusion:

In closing, rather than to recapitulate all, just want to make some considerations relevant to think about this. They are:



The temptation is universal and inevitable. All, without exception, everywhere, they pass through the sieve of temptation, John 17:15.

Although Satan to tempt us with the intention to break us, we must believe that God's purposes can reverse the situation, Gen. 50.20.

The temptation is always an event, a very tough test, which tests our strength, our faith, our strength in God's Word, as well as our own lust, James 1:14-15.

We should pray as Jesus taught us in Matthew 6:13 diurnal, or 1440 minutes per day, if we are to resist and overcome temptation.

Within the process tentatório there is no "can not" or "I resist," or the "I win this." We can do nothing against temptation. It is God who enables us and does not allow the devil to destroy us, 1 Corinthians 1:13.

We should stop with the attitude we set eyes on the crisis and temptation, going to fix our eyes on God and Jesus Christ, Psalms and Hebrews 12:2 3.

We can not avoid the temptation, however, we can resist it and overcome it in the name of Jesus, James 4.7-10.



May God help us in this hard-fought battle against temptation and our own desire to indulge it.

Amen





Author: Fernando Fernandes Pr

Pastor of 1st Baptist Church in Penápolis / SP and Professor. Baptist Theological Seminary in St. Paul.

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