A Islândia é uma ilha que parece se equilibrar entre duas placas tectônicas, a da América do Norte e a que forma a Europa e a Ásia.
Islândia quer dizer terra do gelo, mas a ilha no meio do Atlântico norte bem que poderia se chamar terra do fogo também. Afinal, em nenhum outro país do mundo os extremos são tão impressionantes. Extremos que continuam sacudindo, incendiando, inundando e dividindo este país.
A Islândia é uma ilha que parece se equilibrar entre duas placas tectônicas, a da América do Norte e a que forma a Europa e a Ásia. Essas placas cobrem o planeta como uma imensa colcha de retalhos. São imensos blocos, com até 80 quilômetros de espessura, que deslizam sobre o magma, uma pasta de rocha derretida a mais de 1.000°C.
Em um passado remoto, elas formavam uma só massa de terra. Com o passar dos milênios, foram se movendo, dando origem aos seis continentes. A Islândia ficou dividida.
O Parque Nacional de Thingvellir é a fronteira de um abismo que nunca para de aumentar. As placas tectônicas seguem se afastando, de dois a dez centímetros por ano, dependendo da posição. O parque de Thingvellir fica no grande espaço entre elas, um vale de oito quilômetros de largura.
Segundo os geólogos, erupções submarinas ao longo de milhares de anos fizeram o fundo do mar emergir e preencheram com lava o espaço existente entre essas duas placas tectônicas. É o único lugar do planeta em que é possível enxergar as placas a céu aberto. De um lado, a Europa, e, do outro, a América do Norte. No meio do vale, existe uma fenda - uma grande rachadura cheia de água doce, cristalina. Foi nessa que os repórteres do Fantástico mergulharam.
O arqueólogo que chefia a expedição explica que a fenda surgiu há apenas 100 anos e já tem uma largura que varia entre um e cinco metros. Para esse tipo de mergulho, é preciso usar uma proteção impermeável, que mantém a roupa de baixo, que fica em contato com o corpo, seca e aquecida.
A temperatura da água é de 2°C. E a equipe mergulhou em uma fenda que tem mais ou menos 60 metros de profundidade, mas ficou na média de 12 a 15 metros.
A água cristalina, em contraste com a coloração das pedras vulcânicas, provoca um espetacular tom azul e permite uma visão ampla, clara, impressionante. São 200 metros de canyon. Dos lados, um paredão de rochas, no fundo, areia e pequenos vulcões que aparecem de vez em quando. Chaminés subaquáticas que expelem lava e formam colunas de água turva, instantaneamente aquecida.
Para os pesquisadores, o lugar mais importante do parque é uma rachadura bem no meio da grande fenda. Quem chega até ela é capaz de fazer algo que sempre pareceu impossível: ao mesmo tempo apoiar uma das mãos na América do Norte e a outra na Europa.
E isso não será possível por muito tempo! Neste ponto a fenda se abre a uma velocidade de 2,5 centímetros por ano. Os geólogos já preveem: um dia a Islândia poderá rachar ao meio, formando duas grandes ilhas.
É muito frio! Mas é lindo! Vale a pena! Tanto vale, que o departamento de parques do governo da Islândia decidiu tirar proveito desse lugar único no planeta. Empresas de turismo e companhias de mergulho foram autorizadas a explorar turisticamente as fendas. Antes que as previsões se confirmem e o vale rache de uma vez. Mas isso, para a sorte dos aventureiros e dos islandeses, ainda deve levar alguns bons milênios.
fonte : http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1664601-15605,00.html
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